quarta-feira, 25 de maio de 2011

Eu não sou você..., você não sou eu!

Existe na teoria psicanalítica um termo que chamamos "angústia de separação", é o sentimento vivido por um bebê de cerca de seis meses, que vai se dando conta de ser alguém separado da mãe e que esta mãe não é toda presença. Hoje vivi plenamente esta experiência, mas neste caso a "angústia de separação" foi vivida pela mãe, rs!
Não é a primeira vez que deixo o Francisco e vou trabalhar, aliás isso acontece desde de fevereiro, mas hoje foi diferente..., ainda não sei bem porque, mas foi diferente. Geralmente ele fica com a Tata durante o dia e a noite com o pai dele. Essa noite o Andrei precisou ir trabalhar também e o Francisco ficou com a Paula, uma amiga.
Difícil de explicar, mas desde o começo da semana eu estava apreensiva com esta noite, e não era porque não confiava na Paula ou porque achava que ela não daria conta, disso eu estava certa, ela daria conta, até porque foi por isso que pedi para que ela viesse aqui pra casa pra cuidar dele.
Mas não sei..., seria a primeira vez que ficaria com alguém que não fosse o pai dele ou a Tata, e além disso ele começou há uns 15 dias a estranhar, agora só sorri pra conhecidos ou depois de uma meia hora de convivência.
Então pensava e se ele estranhar a Paula, e se ele se angustiar na minha ausência, e se ele se sentir só, e se ele se perder de si mesmo... E se, e se, e se!
Enfim...,a noite de hoje chegou! Fui trabalhar e ele ficou com a Paula, bonitinho..., ficou sozinho com ela, muito corajoso, né?
Na ida e na volta para o consultório fui tentando pensar sobre minha angústia. Ainda não entendi muito bem, mas estou certa de que vivemos um novo tipo de separação. E com ela nos demos conta de que "Eu não sou você e você não sou eu".
Apesar da angústia, uma conquista: agora somos dois!

Ah..., eles ficaram super bem! Quando cheguei, lá estava a Paula deitada no sofá..., e o Francisco dormindo em cima dela!
Não sei se é possível dizer o quanto fiquei feliz e grata ao ver esta linda e doce cena: O meu filho, o Francisco, agora um ser outro, aninhado, feliz, dormindo no colo de outrém.

2 comentários:

  1. Muito legal esse post! É ótimo a gente pensar sobre nossas angústias, e angústia de mãe, vou dizer, hein, dura pra sempre, né? Só muda o tipo...

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  2. Camila, a Carina tinha falado desse texto lindo. Agora fui ler e realmente ela tem toda razão: o post é muito legal e nos põe mesmo a pensar! Bacana também essa contextualização dentro da teoria da psicanálise. Mas mais legal mesmo é poder ouvir você contando dessa tua experiência particular, tão bonita e tão intensa. Me fez lembrar de uma festa de formatura que participei. A Marina tinha seis meses e ficou com o pai, em casa. Cheguei e ela tomava suco de laranja lima com o Tony no sofá.
    Beijos em você, no fofíssimo do Francisco e no Andrei.

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