O nascimento da Antonia trouxe para o Francisco cinco dias de xixi na calça, dias em que ele literalmente nadou no xixi e eu em lágrimas, o medo da ainda desconhecida tarefa de ser mãe de dois me tomou de jeito naqueles dias...
Ainda bem que minha mãe cuidou de mim, enxugou minhas lágrimas e eu..., cuidei do Francisco e enxuguei muuuuitos xixis pelo chão da casa. Passou! Calças secas e casa limpinha...
Dez meses depois cá estamos nós lidando com nossos medos!
O Francisco com medo da Antonia, bate, empurra, judia, tropeça, testa sua força de irmão mais velho e minha paciência de mãe que morre de medo de não conseguir proteger suas duas crias.
Muitas vezes tento não intervir, nem sair em defesa com a clássica e lastimável frase: "deixa, ela é pequenininha!", às vezes intervenho e os ajudo a brincarem "juntos", vou ensinando o Francisco a dividir e a Antonia a respeitar os limites e espaços de seu irmão, mas às-vezes..., perco a paciência e saiu fora de mim, quando volto em si me assusto com minha raiva e quase morro de culpa. Esses dias descobri que o que me apavora e me faz perder o controle, é o medo que sinto quando percebo a maldade em alguns comportamentos do Francisco.
Ficamos todos perdidos, cada um com seu medo, reagimos agressivamente como um bicho.
Já mais lúcida, cuido do meu medo e acolho meu garoto assutado por descobrir uma rival à sua altura.
Às vezes tenho medo, muitos medos... Medo de não acertar na mão na relação entre irmãos, medo de não conseguir ajudar o Francisco com seus medos, raivas e agressões, medo de que eles não se gostem, medo de não ver nascer o que tanto sonho... A solidariedade e o companheirismo tão particular da fraternidade.
Hoje meu coração serenou!
Vi os primeiros sinais, brotinho, uma "flor ainda em botão" do que poderá vir a ser a relação do Francisco e da Antonia.
A cena foi a seguinte: acordei hoje meio mal humorada, pouquíssimo disponível e mãe indisponível é birra de filho na certa! Briguei com o Francisco que chorava sentado no chão do banheiro enquanto eu tentava escovar os dentes com a Antonia escalando nas minhas pernas. Perdi a paciência e sentei a Antonia no chão do banheiro também... Mais choro! Um coro!
Ao que o Francisco levanta chorando e volta...
Abaixa com uma chupeta cor de rosa na mão e diz: "Calma irmã, olha aqui sua chupeta!"
O mau humor foi embora...
E nós? Fomos tomar café da manhã....
Mais um dia começava!
